Quando ouço falar de cultura puxo logo do meu revólver

(Por Estátua de Sal, 22/07/2022)


“Quando ouço alguém falar em cultura, puxo logo do meu revólver”. A frase, de uma peça antinazi de Hanns Jost, encenada em 1933, ano em que Hitler subiu ao poder, acabaria por ser atribuída a Herman Göring, chefe da Gestapo e braço direito do Führer.

Mas, décadas depois, a mesma atuação e o mesmo sentimento podem ser atribuídos ao palhaço Zelensky que mandou queimar 100 milhões de livros, qual Grande Inquisidor, por supostamente propalarem o MAL que está impregnado em toda a cultura russa. E nós, europeus, portugueses, que nos versos do poeta “demos novos mundos ao Mundo”, pactuamos com o negrume criminoso e o atentado contra a cultura perpetrado pelo facínora.

A Europa e os europeus perderam o norte dos seus valores e bandeiras. Já não sabem onde estão nem sabem já distinguir o BEM do MAL. Aplaudem a censura contra a liberdade em nome da liberdade. Aplaudem a guerra em nome da paz. Aplaudem a ditadura e a perseguição política em nome da democracia. Aplaudem a recessão, a austeridade, e a autoflagelação dos povos europeus em nome da vingança e das ameaças que as televisões lhes servem, cada vez mais requentadas. Parecemos zombies, conduzidos em manada rumo ao cadafalso da nossa destruição, acéfalos, sofredores e masoquistas.

É pois neste contexto que, incrédulo, assisto à notícia de que a Ucrânia é o país convidado da Feira do Livro de Lisboa. Mas alguém conhece algum escritor ucraniano de nomeada, assim ao nível de um Tolstoi ou de um Dostoievski, escritores cujos livros foram alimentar a fogueira ateada pelo palhaço? Assumo a minha ignorância – não conheço.

E é país convidado, a que título? Vem ensinar os portugueses a queimar livros russos? Vem ensinar aos portugueses que a cultura russa é a encarnação do MAL e que, por isso, deve ser perseguida e ostracizada em todas as suas manifestações? Se é isso que nos vem ensinar – pois não consigo vislumbrar que mais possa ser -, tenho vergonha do meu país, dos livreiros e das autoridades do meu país que se dispõem a ser os anfitriões e ouvintes de tão criminosos e ignominiosos ensinamentos.

Nesta alucinação coletiva em que a Europa e Portugal navegam a Ucrânia passou a ser o território de todos os crimes e dos atos mais nefandos mas também, e em simultâneo, o lugar de todas as absolvições. Quando os seres humanos deixam de nortear por valores e regras a sua conduta, aproximam-se inexoravelmente da bestialidade. Branquear os crimes de Zelensky e do seu regime é isso mesmo – soltar a besta que há em nós. E, então, aplaudi-lo e dá-lo como exemplo de humanismo é a prova acabada da degenerescência mental dos povos europeus e da degenerescência civilizacional e ética da Europa.


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4 pensamentos sobre “Quando ouço falar de cultura puxo logo do meu revólver

  1. Então a Estátua De Sal não conhece grandes obras literárias da Ucrânia? Então e aquele livro do… do… Não me lembro. Ah, então e quele autor chamado… o coiso… Olha, realmente também não me vem nenhum à cabeça. Mas diz que desde 2014 há um muito conhecido que tem sido um best seller: Mein Kampf. Ou será a kampf do Stepan Bandera? Agora estou na dúvida. Só sei que tem sido uma luta aturar tanta estupidez junta.

    Agora mais a sério, já dizia o outro, primeiro queimam-se os livros, depois queimam-se as pessoas. Mas até nisto o Ocidente é inovador. O seu novo regime amestrado na Ucrânia começou por queimar as pessoas (em Odessa em 2014) e só agora 8 anos depois é que queimou os livros.

    Parece que é modus operandi, esta coisa da inversão da cronologia. Também no Donbass primeiro a ditadura UkronaZionalista começou a invasão e depois é que se lembrou, 8 anos depois, de dizer que, agora sim, a “Rússia começou a guerra”.

    Primeiro mataram +13 mil pessoas no Donbass, e 1 milhão refugiou-se na Rússia, mas só agora é que há “genocídio” e “solidariedade em nome dos refugiados”.
    Aqui já não é só inversão da cronologia, é inversão também de todos os valores que fazem de alguém um ser decente.
    Depois admiram-se quando o resro do Mundi vira costas ao Ocidente…

    Quanto à nossa Feira do Livro em particular, era giro em Portugal existir um jornalista nos meios mainstream que chegasse ao pé da organização e perguntasse: a partir de agora os países invadidos vão ser sempre convidados especiais, ou isso está interdito a invadidos de pele escura nas “operações humanitárias” e “defensivas” dos EUA/NATO?

    Imaginem só que os mainstream media ocidentais ainda contratavam mais do que meros pés de microfone e especialistas em manipulação.
    Imaginem que a verdade não tinha morrido, e com ela o que ainda restava da decência, da noção, e da democracia.

    Entretanto, lá foi a Europa recuar nas sanções em nome de voltar a possibilitar à Rússia a venda de cereais (os seus e os das zonas ocupadas/libertadas na Ucrânia/Novorússia) e de fertilizantes. E o Zélinho de Kiev lá teve de aceitar desminar o porto de Odessa sem receber mais sistemas Hapoon em troca (como tinha pedinhado há umas semanas).

    Entretanto, perante isto, obviamente que.os glorificadores da mentira se apressaram a fazer manchetes deste género: Nações Unidas e Ucrânia conseguiram acordo para colocar fim ao bloqueio dos cereais feito pela Rússia.
    E parece até que foram outra vez à Ilha da Serpente e resgataram um gato… Se calhar era o gato de estimação do fantasma de Kiev, ou dos “13 guardas mortos” da tal ilha.
    Enfim, à falta de livros para ler, é com esta palermice que os ucranianos (e os superficiais ocidentais) se vão entretendo.

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